Biblioteca Comunitária

Girassol

Integrante de

Era uma vez, uma Vila alagada e sem esperança

Até que na praça, jovens de mansinho chegaram

A arte ocupou seu espaço, sorriu e fez mudança

Gritaram forte “Conceito me ensina” e ensinaram

Um dia grafitou, no outro plantou

E numa bela noite a luz acabou

Com a Prefeitura lutou

Até que por fim, no Sarau Marginal recitou

Foi quando amadureceu

Notou que precisava de mais

E enfim a Biblioteca floresceu

Porque girassóis nunca são demais

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O girassol brilhante entre uma leitura e outra

Vê crianças pela praça correrem

As PANCs espalhadas elas comem

E com mediação de leitura se entretêm

Nas oficinas de teatro

As pessoas mexem o corpo

Já nas oficinas de escrita criativa

Os leitores libertam a mente

É com lo-fi e poesia que

Manas, manos, minas e monas de mãos dadas

Sentem algo diferente pulsar…

É o Girassol que despertou pertencimento!

Acolhida é calorosa

Sempre chega mais um para somar

A nova identidade colorida pelo grafite é honrosa

Integração, bem-estar e felicidade para confirmar

Com a natureza, arte e cultura são amados

Alicerçados no direito humano à leitura

Agora de livros andam armados

Os alagamentos ainda vem para furdunçar

Mas com o Girassol brilhante

A Vila passou a esperançar

Bianka Maduell

    Dados Gerais

  • Cidade e Estado: Porto Alegre-RS
  • Endereço: Praça Oliveira Rolim, s/nº - Sarandi
  • Links: https://www.facebook.com/bibliotecacomunitariagirassol/ ?> https://www.instagram.com/bibliocomunitariagirassol/?hl=pt-br ?>
  • Ano de Fundação: 2017
  • Nome e perfil dos fundadores: Bianka Maduell, bibliotecária e produtora cultural, gestora e atual mediadora de leitura da biblioteca, e Priscila Macedo, gestora da Biblioteca Girassol e bibliotecária da Beabah!.
  • Instituição/Organização vinculada: Conceito Arte
  • Número de leitores: 80
  • Número de livros de literatura: 1200
  • Número anual de empréstimos de livros: 400
  • Principais atividades de mediação de leitura: Mediação de leitura com Arte, Café da manhã literário, Roda de mulheres, Sarau Marginal, Oficina de escrita criativa, Oficina de teatro, Oficinas de capoeira, Debate com a comunidade (aulão).

    Contexto da Biblioteca

  • Território no qual a biblioteca está localizada:A biblioteca fica no bairro Sarandi, Vila Elizabeth, Zona Norte de Porto Alegre/RS, localizado no extremo norte da cidade - afastado do centro e de espaços culturais da cidade. O bairro é conhecido na cidade pela desigualdade econômica, com muito tráfico de drogas e gangues. Com isso, na comunidade não há outros espaços culturais como o do coletivo, que é uma operação de um espaço abandonado pelo poder público e das escolas dos arredores, onde quase todas as bibliotecas estão fechadas para os alunos. Contudo, também é um bairro igualmente conhecido pela luta das pessoas, tentativa de mudança e melhora de vida na busca de tornar o lugar agradável para todos - como é o caso do Quilombo dos Machado.
  • Fundação da biblioteca: Em junho de 2016, Priscila e Bianka conseguiram uma geladeira e começaram com o projeto da “Gelateca”. Em novembro do mesmo ano, fizeram articulação com Feira do Livro de POA e participaram do evento “Feira Fora da Feira”, foi quando perceberam que a Gelateca não estava mais dando conta da demanda e como as pessoas gostariam de ter mais atividades culturais. Então em janeiro de 2017, junto ao coletivo Conceito Arte começaram a arrecadação de livros para o acervo por meio de doações. Fizeram a seleção e a catalogação até à véspera da inauguração - dia 24 de junho de 2017. No dia, houve uma parceria com a Escola Aurora, com atividades de integração e “Caça ao Livro pela Praça”. A origem do nome da Biblioteca Girassol deu-se por causa da simbologia da flor, presente há alguns anos na frente do espaço, que significa a felicidade, lealdade, entusiasmo e vitalidade onde reflete a energia positiva do sol, o que é tudo que o espaço, o coletivo e quem constrói ele apresenta.
  • Identidade da biblioteca: O público majoritário da biblioteca são crianças e jovens que participam das atividades, mas sempre chegam gradativamente. O que distingue a biblioteca é o trabalho para aumentar a autoestima dos moradores do bairro, favorecendo a quem mora na periferia e estimulando a ter voz. Espaço em que todos se sentem bem, acolhidos e representados - a casinha, como é conhecida pelo bairro - incentiva o prazer pela leitura e a busca de informações relevantes. Utilizam os livros clássicos de literatura, mas sempre levam junto autores contemporâneos, despertando a própria curiosidade - prezando sempre por valorizar e destacar a literatura marginal onde as pessoas mais se identificam. A maior parte dos seus usuários opta pela consulta local, da qual escolhem um livro e sentam-se confortavelmente no sofá para ler. Percebem mudanças no hábito dos usuários: começam a ler e a gostar de ler por causa da biblioteca.
  • Enraizamento comunitário: Dentro da comunidade, existem alguns parceiros que fazem atividades no ambiente da biblioteca: pessoas de fora, de faculdades, alunos dos cursos de História, Ciências Sociais, Comunicação e Biblioteconomia. Também há parceria com o “Tesouros de Papel” e a “Vila Viva” (atividade da fundação da filial alemã), além de iniciativas sobre direitos humanos, encarceramento, sociologia, violência e, principalmente, juventude pobre e negra com os meninos da Conceito Arte. Porém, as parceiras mais fundamentais são as professoras e diretoras das escolas próximas, que gostam de levar as crianças e jovens ao espaço do coletivo por ser todo grafitado, colorido e ser o espaço cultural mais próximo deles. Há ainda parceria com mercados locais para conseguir produtos para os eventos. Desenvolvem-se permutas com os comerciantes da comunidade: quando a grade da biblioteca estragou, por exemplo, o pessoal da funilaria na frente do espaço a arrumou, de graça. Os voluntários da biblioteca são todos moradores da comunidade.
  • Impactos sociais: O maior impacto da biblioteca é na formação de leitores, favorecendo a emancipação social. Buscam dar acesso ao direito à leitura, à escrita e à literatura. Isso dá autonomia à comunidade, recuperando a autoestima dos moradores da periferia, além de favorecer o acesso à cultura e à identidade como ferramenta de resistência, gerando mudanças pessoais. A união das duas instituições melhorou o trabalho, onde percebe-se o gosto de quem participa e cria-se um laço familiar a partir do amor, do desejo por transformações por meio da cultura.