Biblioteca Comunitária

Arvoredo

Integrante de

UMA BIBLIOTECA VIVA 

E as coisas acontecem por acaso? A pergunta temos, a resposta talvez nunca saberemos! Contudo, temos uma bela história para contar. Daquelas cheias de coincidências. Viviane e André se conheceram na Sociedade Espírita Beneficente Amor e Caridade, se tornaram colegas e posteriormente, amigos. Diferentes em personalidade, mas com um propósito em comum: a filosofia espírita. E nela consta que “Fora da Caridade não há Salvação”.

E como interpretar essa máxima? Pois bem, Viviane e André interpretaram que caridade é ação. E que a promoção do ser humano, só se faz através da educação e cultura. E onde fazer? O que fazer? A Sociedade Espírita, além da sede, numa região nobre da cidade de Porto Alegre, também tem uma Sucursal na Vila Mapa, Lomba do Pinheiro, na mesma cidade, mas com perfil oposto ao da sede. Sendo local ideal para fazer um projeto que englobasse educação e cultura por ser um território de vulnerabilidade social e que não contava com nenhum equipamento cultural.

A segunda pergunta veio de mais uma coincidência. Os dois colegas são apaixonados por literatura e cada um aprendeu a importância dela de maneira diferente. E então veio então a ideia: construir uma biblioteca! E por um acaso, daqueles que parece que o universo conspira a nosso favor, no ano de 2014, André conheceu à época a Redes de Leitura, hoje Beabah!. Rapidamente ligou para Viviane e disse que havia encontrado quem iria orientá-los com o projeto.

E tudo foi ocorrendo de forma gradativa. Surpreendentemente, Viviane encontrou a Susana num evento literário. Ela, que também era colega de turma de André e Viviane na Sociedade Espírita, se uniu ao projeto. Agora eram três! Tudo certo, não? Ainda não, pois faltava algo importante: o nome que se daria à biblioteca comunitária. Por telefone mesmo, os três começaram as chuvas de ideias.

As características do local envolviam verde, muito verde. Natureza inexplorada naqueles três hectares e meio onde fica a Sucursal. Um galpão sucateado com mais de cem metros quadrados parecia o lugar perfeito. O nome do bairro, Lomba do Pinheiro, inclusive, fazia referência a grande área verde existente. Um espaço ideal para leitura em meio a natureza e o livre brincar que é tão importante para desenvolver a criatividade. Então o grupo chega à uma conclusão: Arvoredo! Melhor referência não há! E assim surge a Biblioteca Comunitária do Arvoredo.

Em meados de 2015, com o tempo passando rápido, o trabalho da biblioteca começa e o próximo passo era pensar na inauguração. E lá vem chuva de ideias para definir a data. Pensando no Brasil, que é um país tão plural, escolhe-se a data: 27 de setembro, dia de Ibejis, que representa o nascimento de todas as coisas e carregam a felicidade em seus corações. Uma data realmente linda para a inauguração de uma biblioteca viva.

E após 5 anos, muitas pessoas passaram pela biblioteca. Algumas continuam e cada uma deixou sua marca. Todas e todos foram importantes pois eram voluntárias e voluntários com o mesmo ideal. No convívio com as crianças, adolescentes, jovens, adultos e os idosos, os integrantes da biblioteca aprenderam muito. A escuta ativa e a troca de saberes, começando com uma mediação de leitura escolhida com muito carinho, faz da biblioteca comunitária do Arvoredo um lugarzinho especial para a comunidade da Vila Mapa e arredores. Ainda há muito trabalho pela frente, mas sem dúvidas podemos dizer que a Vila Mapa é uma comunidade mais leitora. Sigamos porque essa história só começou!

    Dados Gerais

  • Cidade e Estado: Porto Alegre-RS
  • Endereço: Av. Santo Dias da Silva, 727, Lomba do Pinheiro, Vila Mapa
  • Email: bibliotecadoarvoredo@gmail.com
  • Links: https://www.facebook.com/BiblioArvoredo ?>
  • Ano de Fundação: 2015
  • Nome e perfil dos fundadores: André Santos, pedagogo e Viviane Peixoto
  • Instituição/Organização vinculada: Sociedade Espírita Amor e Caridade
  • Número de leitores: 1290
  • Número de livros de literatura: 2000
  • Número anual de empréstimos de livros: 360
  • Principais atividades de mediação de leitura: Parcerias com escolas; parceria com a escola de samba Unidos da Vila Mapa, CRAS, comércios da comunidade, CineCaramelo e trabalho com escrita com o Grupo de Idosos (Livros de Memórias).

    Contexto da Biblioteca

  • Território no qual a biblioteca está localizada:A biblioteca fica situada na Vila Mapa, Lomba do Pinheiro (terceiro maior bairro da cidade), zona leste de Porto Alegre. No terreno da Sociedade Espírita Beneficiente Amor e Caridade, há forte raiz indígena. A Sociedade Espírita está há 66 anos na Mapa e a partir desta foi sendo organizada a biblioteca comunitária do projeto social. Em auxílio e influência à sociedade, o mais importante da Vila Mapa, agora, é o empoderamento em meio da desarticulação da Vila. A escola de samba, a Biblioteca e a ressignificação do bairro são fundamentais, pois até então não havia relações de leitura na comunidade. A biblioteca comunitária é quem fez da Vila um lugar leitor.
  • Fundação da biblioteca: Nasceu como projeto da Sociedade Espírita, que existe há 66 anos. André Santos, um dos fundadores, tinha o desejo de construir uma biblioteca na comunidade, como havia espaço disponível no galpão da Sociedade Espírita, ele falou com a diretoria e com a Viviane Peixoto. A direção liberou o espaço, Viviane apoiou a ideia e a comunidade conseguiu mais um local de acesso ao livro. Origem do nome “Arvoredo” – grande número de árvores em torno da biblioteca.
  • Identidade da biblioteca: Seu público são crianças, adolescentes, jovens e idosos. A biblioteca tem parcerias com escolas do bairro, CRAS (Centro de Referência em Assistência Social), escola de samba Unidos da Vila Mapa e comércios da comunidade, além do Cine Caramelo. Há também um trabalho de escrita com o Grupo de Idosos na construção de livros de memórias. Entre as dificuldades, está a ampliação do público alvo, o número de voluntários instável e o enraizamento comunitário mais sistemático. As principais atividades são de mediação de leitura e o livre brincar. O ambiente é muito grande, tanto fora da biblioteca como dentro. Muitas árvores, trilhas, flores, grama, diferente das casas da periferia, pois não tem muito espaço para o lazer, então a biblioteca se torna um local para brincar, para ficar livre. Há silêncio, espaço grande, muitas árvores, e as pessoas vão para além da leitura, tendo um acolhimento integral, onde ninguém é só um usuário, é alguém com especificidades, tratada de maneira respeitosa. Entre alguns eventos incentivados pela biblioteca, estão o projeto social da Sociedade Espírita em Viamão – floricultura “livro livre”; espaço de leitura na feira ecológica do Menino Deus; pegue, leia e traga na academia de ginástica; Cidadão Legal; e também houve uma indicação do prêmio AGES 2017. Ainda que a mantenedora seja uma Sociedade Espírita, a biblioteca é laica, atende todo o público indiferente de qualquer credo. Não há livros evangelizadores na biblioteca. Uma criança de cinco anos fez uma fala no aniversário de três anos da biblioteca que traz muito de sua identidade e enraizamento: “Aqui é um paraíso. Nem parece que eu estou na Mapa”. Há silêncio e um bom acolhimento integral. Ninguém é tratado apenas como usuário, mas uma pessoa com conflitos, acolhida respeitosamente. Ainda que a mantenedora seja uma Sociedade Espírita, a biblioteca é laica, atende todo o público, indiferentemente de credo. Não há livros evangelizadores na biblioteca.
  • Enraizamento comunitário: O local em que a biblioteca ocupa na comunidade é importante. Ter acesso a equipamentos culturais dentro do seu próprio bairro é a efetiva descentralização da cultura na cidade. Já há um sentido de apego com a biblioteca, onde os próprios leitores já cobram cuidado com os livros e o espaço. Entre algumas parcerias e projetos no bairro, estão o ProJovem – geladeira e biblioteca, a Escola Municipal de Educação Infantil Mapa 2 com a biblioteca escolar, o CRAS com o grupo de idosos, formação de professores e mediações de leitura feita por crianças, fazendo assim a biblioteca ser colocada como posse da comunidade. A biblioteca é uma ponte para novas ações, parcerias e atividades conjuntas com as instituições da comunidade e do bairro. As lendas inventadas pelos usuários por conta da mata que existe em volta do espaço também aparecem neste contexto.
  • Impactos sociais: Importância da biblioteca na formação de leitores, pois não havia espaço de leitura na comunidade e nem era prática das escolas. Como o centro do trabalho é a mediação de leitura e não a contação de histórias, existe aproximação direta dos usuários com o livro e autores. Há uma rotina da mediação de leitura, com empréstimo de livros, garantindo a leitura como direito humano.