A convite do Itaú Social, mediadores de leitura representando as redes de bibliotecas da RNBC estiveram em São Paulo, de 19 a 21 de março, para participar da segunda edição do Seminário Arte, Palavra e Leitura. Organizado pela Revista Emília, em parceria com o Itaú Social, Sesc Pinheiros e Comunidade Educativa CEDAC, o evento teve como tema central “Leitura e Escrita: lugares de fala e visibilidade”, colocando em debate processos de humanização pela arte, as identidades, os lugares de fala e a cultura nas periferias.
Reunimos aqui as impressões de alguns deles sobre essa experiência, que ganhou adjetivos como extraordinária, transformadora, rica, emocionante. Para a RNBC, mais uma ação de formação cultural e cidadã para jovens das nossas bibliotecas, motivadora para o trabalho que realizam em suas comunidades.
Isadora Cristal Escalante, bibliotecária da Rede Baixada Literária, destaca os debates produtivos que a temática do evento proporcionou, em especial a construção da identidade e as ações de representação das populações comunitárias, presentes nos espaços de mediação. A mesa “Literatura e Sobrevivência: Juventudes em risco” a emocionou duplamente, pela coragem das falas e porque se sentiu representada pelos jovens que tiveram suas trajetórias de vida transformadas pela força da leitura e da biblioteca. “A biblioteca, por ser um espaço de formação cidadã, política e intelectual, deve ser lugar de voz e de escuta para a comunidade que atende, ao mesmo tempo um lugar de conforto e um lugar de confronto”, afirma.
Isadora teve oportunidade de conhecer processos de letramento literário em países como Chile, Espanha, México e Colômbia e ficou particularmente feliz ao encontrar uma das bibliotecárias que mais admira, a autora e editora colombiana Silvia Castrillón. “Ela falou sobre a responsabilidade política e social que educadores e bibliotecários têm frente à promoção da leitura e da escrita, por serem essas as práticas culturais imprescindíveis para a inclusão de pessoas na sociedade e para a superação de obstáculos que impedem o desenvolvimento da América Latina de forma geral.”
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Isadora entregou a Silvia a HQ sobre a Baixada Literária |
Ana Paula Bispo dos Santos, mediadora de leitura na Rede de Bibliotecas Comunitárias de Salvador (RBCS), participou da oficina com o escritor e promotor de leitura Freddy Gonçalves e gostou de suas reflexões sobre a vida em sociedade e as políticas sociais. Também conheceu a experiência de escritores e de como a leitura influenciou suas trajetórias. Destacou as temáticas abordadas nas palestras, particularmente as que mostraram a realidade nas favelas e como a população negra e periférica enfrenta uma série de dificuldades e obstáculos para viver cada dia. “Agradeço a oportunidade de viver essa experiência enriquecedora e de trazer para a minha comunidade e rede local essas contribuições”.
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A escritora Bianca Santana com Gleiciany (Jangada Literária) e Ana Paula |
Hyago Oliveira, mediador do Redes de Leitura – Bibliotecas Comunitárias do Rio Grande do Sul, ficou bem impressionado com a organização do evento, que tinha uma equipe sempre disposta a ajudar, esclarecer dúvidas e compartilhar informações. Também destacou a qualidade das palestras e os projetos do Itaú Social e do Sesc que teve oportunidade de conhecer. “Fico grato pelas coisas incríveis que aprendi durante esses dias e por ter conhecido pessoas que ficarão no meu coração para sempre!”
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Hyago e os mediadores da RNBC |
Danilo Ramos, da rede LiteraSampa, lembra as boas reflexões que as palestras e oficinas trouxeram para quem trabalha com formação de leitores. Ele também destacou a mesa “Literatura e sobrevivência: Juventudes em risco” com Ketlin, Bruninho e o poeta MC Jardson Remido, jovens que mudaram a direção de suas vidas, em contato com o livro e as bibliotecas comunitárias. “Foi emocionante e motivo de orgulho, pois temos um trabalho conjunto com Ketlin e Bruninho na rede LiteraSampa, são jovens especiais que me ensinam muito”.
Ele participou da oficina de escrita criativa “Eu sou um personagem, uma história e um livro” do escritor mexicano Adolfo Córdova Ortiz. “Acredito ter sido uma das vivências em que mais aprendi, mesmo sendo em espanhol. A atividade fluiu e, agora, tenho até um projeto literário”, afirma Danilo.
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Danilo com o escritor Adolfo Córdova |
Rafael Mussolini, da rede Sou de Minas, Uai, saiu do evento motivado. “As discussões das mesas foram incríveis e deram aquela esperança de perceber que nosso país e nossa cultura são maiores que essa realidade grotesca que estamos vivendo. Tem muita gente acordada e resistindo.” Durante o debate ‘O lugar da comunidade nos espaços de mediação’ ficou emocionado ao ouvir a intervenção de Bel Santos Mayer, do IBEAC, quando falou sobre a noção de comunidade. Lembrou-se das tantas conquistas já alcançadas pelas bibliotecas comunitárias e o que ainda precisa ser feito pela democratização do acesso ao livro, leitura, literatura e bibliotecas.
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Rafael destacou o debate sobre comunidade |