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Meu nome é Biblioteca: Biblioteca Comunitária MANNS

Pouca gente, fora da comunidade em torno do Centro Cultural Comunitário Chocobim, em Saracuruna, Duque de Caxias, sabe o que significa a sigla MANNS. Esse é o nome da Biblioteca Comunitária gerida por Maria do Carmo da Silva Miranda, a Chocolate, que resolveu homenagear 5 mulheres de uma só vez: Maria do Urias, Apolônia, Nelcina, Nilvalda e Selma. É ela que nos explica o motivo desta “penta” homenagem:

“Falar dessas mulheres é relembrar não só a minha infância, como a de outras mulheres que têm a minha idade (55 anos). Quando dei o nome à Biblioteca, pensei nelas, na representatividade de cada uma junto à comunidade, ao coletivo, a suas famílias e ao livro. Cada uma deu de alguma forma sua contribuição ao nosso trabalho e então pensei em criar a sigla com a inicial de seus nomes. MANNS carrega um pouco de cada uma e juntas representam a força do nosso coletivo.

Maria do Urias, multiplicadora, acolhedora e valente, muitas vezes deixou de comer para dividir o que tinha com quem precisava. Se colocava no lugar do outro, às vezes se esquecendo de si mesma.

Apolônia, amorosa, tão amorosa, que o amor que trazia no peito nos contagiava de tal forma que ao nos aproximarmos, nossa tristeza acabava. Mesmo nos momentos mais tristes de sua vida, não esmorecia. Agradecia a Deus e dizia que seu amor por ele só aumentava a cada dia.
Nelcina, minha mãe, tinha muitas necessidades, de tudo um pouco, muitas que continuam a existir para as mulheres que se calam diante do medo e da violência. Ao ler o poema “Negritude” de João Ximenes, penso nela. Uma mulher que mesmo libertada, era presa, mas seu sorriso e suas palavras eram sempre de fortalecimento. Quando cantava na beira do tanque, lavando roupas para sobreviver e alimentar 9 filhos, parecia que estava longe, viajando, sonhando, lembrando-se de sua infância.
Nilvalda, desde menina envolvida com causas sociais, hoje aos 88 anos, continua contando histórias, declamando versos e poesias que nos levam às nuvens. Em dias tristes ou alegres, nos mostra que é preciso lutar para se conquistar o que está no ar e bailar nas nuvens por meio de suas histórias.
Selma, mesmo quando estava muito cansada, tinha tempo para nos apresentar um livro. Por meio das suas leituras, nos fazia sonhar e viajar, ir tão longe, que nos esquecíamos das tristezas, da fome, das angústias. O jeito dela mediar uma leitura alimentava o corpo, a alma, o coração, o estômago e a vida. Muitas vezes aquilo nos transformava.
Essas mulheres nos fortaleceram e nos ajudaram a sobreviver no dia a dia difícil e pobre. Nos ensinaram a lutar por um futuro melhor, no qual as mulheres sejam multiplicadoras do amor que necessitam para continuarem a navegar em sonhos.”
A Biblioteca Comunitária MANNS é integrante do coletivo Tecendo Uma Rede de Leitura (Duque de Caxias – RJ). 
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