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Meu nome é Biblioteca: Biblioteca Comunitária Aninha Peixoto

O nome no diminutivo contrasta com a grande energia do trabalho comunitário da gaúcha Ana Lúcia Ferreira Peixoto, a Aninha Peixoto que dá nome à Biblioteca Comunitária localizada em Vila Santa Rosa, região norte de Porto Alegre. As dificuldades físicas, decorrentes da poliomielite contraída um ano após seu nascimento em 1963, não impediram seu incansável trabalho como agente comunitária à frente do Movimento de Alfabetização de Jovens e Adultos (MOVA), uma iniciativa de Paulo Freire que se multiplicou por várias regiões do país entre os anos 60 e 80.

Aninha era uma militante da educação e persistente contra a evasão escolar: acompanhava os alunos de perto, insistia e estimulava os que queriam desistir do aprendizado. Muitas vezes a entrada no MOVA para aprender a ler e escrever era uma porta para o envolvimento comunitário. Começavam a participar de reuniões em postos de saúde, conselhos de praças, associações de moradores, não sobrando tempo para as aulas. Também era sua função ajudar esses alunos a conciliar melhor seu tempo com as demais atividades assumidas.

Ela não teve filhos, vivia com a mãe e a irmã, cuidava dos sobrinhos e sempre se envolveu com a educação das crianças de Vila Santa Rosa, ajudando-as a resolver questões escolares. Aprendeu cerâmica e escultura e teve uma rápida participação no grupo de teatro “Não podemo se entregá pros home”. Como era tímida, resolveu se dedicar ao teatro de bonecos. Adorava ler e ouvir música.

Toda a sua vida foi dedicada ao movimento comunitário de sua vila, inicialmente formada por chácaras e fazendas, que loteadas, viraram casas e apartamentos. Foi uma das fundadoras do Telecentro Grande Santa Rosa e do Centro de Referência de Assistência Social – CRAS Santa Rosa. Acreditava que só o trabalho em grupo traria forças e investimento para a comunidade e dizia que “seria vitoriosa se um, dois, três jovens daqueles tantos pelos qual lutava fossem pelo caminho certo.’’

Aninha faleceu alguns meses antes de completar 43 anos, em 2006, por complicações de uma pneumonia. A lembrança de sua dedicação, paciência, amor e carinho ao próximo estão eternizados na Biblioteca Comunitária Aninha Peixoto.

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