Biblioteca Comunitária

Peró

Integrante de

A Literatura no Lugar dos Sonhos

– Oxi! O que é aquilo ali na praça? Morreu galego, foi? O povo daqui é assim, não pode acontecer nada que sai tudo correndo fazendo vento para ver o que é! Sei não. Visse? Povo curioso danado. Só sei que bala num foi. Não escutei nenhum pipoco. E não param de chegar olhares curiosos que ficam por lá contemplando a cena. Na televisão e no rádio tem um monte de programa que só mostra coisa ruim da comunidade, que me faz pensar logo no pior. Ninguém ainda saiu de lá. O que é aquilo ali? Tem um pano estirado no chão… Vou chegar mais perto. Agora! Daqui dá para ver! Um pano florido e uns livros. Vou ver o que é. Deve ser coisa boa…

– Oi, pessoal, tudo bem? Somos da Biblioteca Comunitária Peró, que fica aqui no estacionamento do shopping, aqui em Piedade. Vocês sabem por que o município tem esse nome? O primeiro nome da cidade foi Jaboatão, palavra indígena “yapoatan”, que era uma árvore comum na região, usada para fabricar mastros e embarcações. A partir de 1989 passou a ser chamada de Jaboatão dos Guararapes, em homenagem ao local das batalhas históricas – os Montes Guararapes. E vocês sabiam que a cidade também é conhecida como o “berço da pátria”? Pois é, por ter sediado as principais grandes batalhas contra invasores holandeses nos anos de 1648 e 1649, na então Capitania de Pernambuco.

– Eu escutei essa história lá na escola, tio.

– Pronto, olha aí. Estamos aqui hoje para uma de nossas ações, que é o Peró na Praça. Hoje é um dia especial, pois a memória que contaremos será a nossa própria. Para falar da Biblioteca Peró começo com uma poesia que recito com muita alegria.

Era possível sonhar com um cantinho de leitura
E foi ganhando espaço nas mediações de costura
Cada livro aberto era como tecer a lã
E dos sorrisos belos ia ganhando afã
Nas paradas de ônibus íamos nos mostrando
Com o baú de leitura nos revelando
Peró na Praça, vim ocupar
Histórias andantes eu vou levar
Chegou novembro, tem poesia
Recitar palavras com harmonia
Vai ter concurso, não me despeço
Isso tudo… Peró poético.
(Autor – Willams Alves)

– E aí, gostaram do poema?

– Siim!

– Muito bonito!

– A biblioteca fica dentro do Instituto Peró, instituição fundada em 2004, sem fins lucrativos, criada para contribuir com o desenvolvimento de crianças, adolescentes e jovens. O instituto ainda desenvolve atividades como aulas de dança, música, educação ambiental e projetos de formação profissional.

– E a biblioteca?

– A Biblioteca Peró foi criada apenas em 2008. O objetivo sempre foi atuar no incentivo à leitura, oferecendo ambiente agradável e lúdico, trabalhando a literatura com outras linguagens culturais – cinema, teatro, música e dança. Tudo começou como um cantinho de leitura. Quando pensamos em uma biblioteca comunitária sentimos a necessidade de construir com a comunidade. Aí convidamos os moradores para participar e fizemos diversas reuniões, formando o nosso espaço literário. Até hoje contamos com um conselho formado por moradores da comunidade para construir as nossas atividades. Assim:

Tornou-se possível viajar sem sair do lugar; em um canto acolhedor foi construído um castelo de ideias e encantamentos, capaz de transformar espinhos em poesia, como diz o texto de Hugo Maciel, pedagogo do Instituto Peró.
– Que coisa linda! Chega me arrepiei…

A identidade da biblioteca é a busca constante pelo enraizamento comunitário, com diversas ações nos espaços públicos (praças, escolas e ruas), atuando de forma andante pela comunidade. Para as pessoas conhecerem e frequentarem nosso espaço. Sabem as ações que falei na poesia como o Baú de Leitura, Peró na Praça e Peró Poético?

– Sim, eu lembro tio. Tem aquela também da parada de ônibus, né?

– Issoooo! Essas ações fazem parte do projeto da biblioteca chamado Histórias Andantes, cuja proposta é trabalhar as práticas de leitura pelas mediações nesses espaços públicos. O projeto foi até premiado no 23º Concurso da Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil, na categoria “Os melhores programas de incentivo à leitura junto a crianças e jovens de todo o Brasil”. Vocês sabiam?

– Eita, que arretado! Ganhar um prêmio nacional…!

– Pois é, ficamos muito felizes. Com o projeto Histórias Andantes a Biblioteca Peró desenvolve atividades de mediação de leitura utilizando livros e brinquedos. O objetivo é levar a literatura como Direito Humano para a formação de leitores.

– Muito bom esse Histórias Andantes. Quero conhecer outras ações além do Peró Poético…

– Ah! Não podemos esquecer da atuação com a Releitura – Bibliotecas Comunitárias em Rede, espaço de articulação com outras bibliotecas comunitárias, fundamental para fortalecer o objetivo de incentivo à leitura por meio de ações literárias, incidência política e técnicas em conjunto, buscando fomentar o Direito Humano à literatura. A Biblioteca Peró tem articulação com a Releitura por causa das trocas e compartilhamentos sobre acervo, organização do espaço, mediações de leitura, literatura, entre outras coisas. Com a atuação em conjunto experimentamos muita coisa boa. A articulação nos fortalece ainda mais como biblioteca comunitária e faz com que a gente consiga atuar na comunidade além do espaço físico e fazendo diversas ações de literatura nos espaços públicos da cidade. A partir dessa articulação com a Releitura integramos a Rede Nacional de Bibliotecas Comunitárias, a RNBC.

– Maravilhoso!

– Gostaríamos de lembrar que o nosso espaço é aberto para toda a comunidade. Atualmente a biblioteca conta com mais de 6 mil títulos, entre literatura infantil, juvenil e adulta, além de DVDs e revistas, que podem acessar livremente. Até porque nossa história continua sendo escrita todos os dias, no cotidiano, e a participação das pessoas da comunidade é fundamental para a história ficar ainda mais bonita.

– Eu vou chamar minha irmã para ir lá conhecer.

– Vá mesmo. Em nossas ações procuramos trazer sempre um pouco do mundo da literatura para as pessoas sonharem, pois a literatura possibilita isso. A literatura é o lugar dos sonhos.

Essa história entrou por uma porta e saiu por outra, quem quiser que conte outra!

– E eu que achava, no início da manhã, que mais um sonho tinha chegado ao fim. Me enganei! Pois com o Peró na Praça brotam novos sonhos pela contação de histórias. E vão ficar na memória de muitas pessoas. Depois dessa história tão interessante tenho que ir lá para eu também sonhar com a literatura.

Autor:

Tarcísio Camêlo, jornalista, educador social e defensor dos direitos humanos. Atua na produção de conteúdos documentais e ficcionais e na incidência política para comunicação comunitária, comunicação pública e independente. É comunicador da Releitura-PE.

    Dados Gerais

  • Cidade e Estado: Jaboatão dos Guararapes-PE
  • Endereço: Av. Barreto de Menezes, 800, no Estacionamento D do Shopping Guararapes – Piedade
  • Telefone(s): (81) 2122-2284
  • Email: bibliotecapero@shopping-guararapes.com.br
  • Links: https://www.institutopero.org/ ?> https://www.facebook.com/InstitutoPero/ ?> https://www.instagram.com/institutopero/ ?>
  • Instituição/Organização vinculada: Instituto Peró
  • Número de livros de literatura: 6000
  • Número anual de empréstimos de livros: 782
  • Principais atividades de mediação de leitura: Mediação de leitura, Peró na Praça, Baú de Leitura

    Contexto da Biblioteca

  • Território no qual a biblioteca está localizada:Município de Jaboatão dos Guararapes, no Bairro de Piedade. A cidade é símbolo de resistência e luta - uma delas deu-se na Batalha dos Guararapes, em que os holandeses que invadiram o território foram expulsos.
  • Fundação da biblioteca: 2008
  • Identidade da biblioteca: A Biblioteca Peró é espaço que luta pela propagação e manutenção da literatura como Direito Humano, por meio das atividades de leitura e literatura que desenvolve com os participantes e a comunidade. A biblioteca possui um rico acervo e ambiente agradável.
  • Enraizamento comunitário: Pelo Programa Histórias Andantes. Para isso desenvolve ações como o Peró na Praça e o Baú de Leitura nas escolas, a fim de levar a literatura a crianças, adolescentes e jovens, muitas vezes privados desse direito.
  • Impactos sociais: As atividades têm grande impacto social, pois viabilizam a literatura como direito. Por meio da mediação, consegue formar leitores e sensibilizá-los para o papel enriquecedor do livro e da literatura.