Biblioteca Comunitária

CEPOMA

Integrante de

As aventuras do Dragão do Mar em Escutem os Sons…

Em um dia de sol Brasília Teimosa acordou ao som das ondas agitadas… De repente surge do nada uma espécie mutante de “Dragão do Mar”, nunca visto, saindo das profundezas do oceano, onde vivera por centenas de anos. Ele era imenso, uma boca bem grande e muitos dentes, corpo coberto de escamas com uma textura similar à de um crocodilo. Conseguia respirar na terra e no mar. Apesar de todo o seu tamanho, o dragão não tinha uma estrutura óssea muito pesada e conseguia voar.

Sobrevoou o Bairro de Brasília Teimosa observando sua movimentação. O som das batidas das asas do Dragão do Mar era ensurdecedor. Os moradores e moradoras ficaram assustados. Dava para escutar o burburinho de medo do povo.

 

– Que danado é isso?!, perguntou a moça de cabelo vermelho.
– É um avião, respondeu o homem de paletó e gravata.
– É não. É um Dragão! Saiu de dentro do mar. Eu vi. Eu estava lá!, afirmou o pescador.
– Vixe! Será que ele cospe fogo?, perguntou a moça de cabelo vermelho.
– Pronto! Se eu contar por aí vão logo dizer que é história de pescador, falou o pescador.
– Só sei de uma coisa. Aqui é que não vou ficar, visse!, disse o homem de paletó e gravata.

 

Pelo fato de os moradores de Brasília Teimosa conhecerem um Dragão assim apenas pelos livros e filmes de ficção temeram e se questionaram se aquele animal cuspia fogo, se era carnívoro, se era agressivo… Mas o Dragão do Mar era muito dócil, além de ser vegetariano – no fundo do mar se alimentava das ervas marinhas e não cuspia fogo. Depois de sobrevoar todo o bairro, percebeu que estava causando medo nas pessoas e resolveu pousar. Causar medo nunca fora a sua intenção. Ele já tinha em mente um lugarzinho especial para ir, pois quando estava no fundo do oceano escutava sempre as vozes da população falando de um lugar perfeito para conhecer histórias. E o nome da rua onde o espaço ficava o chamou muito a atenção, e logo pousou na rua Dragão do Mar, no número 205, na Biblioteca Comunitária do Cepoma, do Centro de Educação Popular Mailde Araújo.

Ao chegar à biblioteca encontrou a mediadora de leitura e algumas crianças: a menina da bolsa amarela, a menina do laço de fita, a menina de azul, a menina de chapéu amarelo, a menina de chapéu vermelho e a menina de vestido florido. No primeiro momento, todos ficaram em silêncio observando e com medo do Dragão do Mar. Ninguém nunca tinha visto um bicho tão grande. E a mediadora de leitura quebrou o silêncio e falou:

– Oi, Dragão do Mar. O que você quer? Pode entrar!
– Ouvi dizer que aqui é um lugar para se conhecer histórias…
– Se você quer ouvir histórias, aqui é o lugar! Pode se acomodar. Esse espaço é para todo mundo. Vamos começar agora uma contação.

O Dragão do Mar se encolheu todinho e entrou na biblioteca para ouvir o reconto, deixando apenas o seu rabo do lado de fora. As crianças que no início estavam com medo do Dragão vendo-o todo encolhidinho perceberam que ele nem era tão grande assim. Afinal, ele queria ouvir a contação de histórias e foram perdendo o medo. Até a menina de chapéu amarelo que tinha medo de tudo perdeu o medo.

– Dragão do Mar! Para conhecer nossa trama de hoje teremos que prestar bastante atenção e ouvir os sons ao redor, disse a mediadora.
– Que ótimo! Vivo no fundo do oceano. Mas estou sempre ouvindo as crônicas de Brasília Teimosa…
– O som é o movimento das coisas e constituem paisagens. Paisagens sonoras! Podem contar histórias e trazer memórias de nossa comunidade.
– Qual será a aventura de hoje?, perguntou a menina de chapéu amarelo.
– Como o Dragão do Mar é novo aqui na biblioteca, que tal contarmos a nossa?, perguntou a mediadora.
– Siiim!

– As palavras espalhadas por meio da voz, os movimentos dos corpos, os movimentos da natureza, as músicas tocadas… Escutem os sons à sua volta. Até aqueles mais imperceptíveis. Sempre terão algo a nos dizer. Ouçam sempre o maior número de sons possíveis. Vamos escutar os sons e contar nossas memórias? Que sons vocês estão escutando?

– Eu escuto o som do mar!, ressaltou a menina de azul.
– Então vamos lá todo mundo. Escutem o som do mar!

 

– Vocês estão ouvindo as batidas das ondas?, perguntou a menina do laço de fita.
– Estou!, respondeu a menina da bolsa amarela.
– Hoje é dia!, acrescentou a mediadora.
– De quê?, quis saber o Dragão.
– De quebrar onda no mar, nadar contra a correnteza… Mergulhar! Nas águas de Brasília Teimosa o povo da comunidade renova as energias para continuar a lutar. A luta em Brasília Teimosa é diária. Aqui sempre foi um bairro de muita efervescência, de grandes lutas por uma qualidade de vida melhor e de resistência.
– No início tudo era mar… De um lado ficava o Bairro do Pina, e do outro lado da ponte existia uma comunidade de pescadores, onde hoje fica o Cabanga Iate Clube. Os moradores tiveram que sair de lá por causa de um incêndio. Muita gente perdeu tudo e até hoje ninguém sabe como aconteceu. Então, nos anos 50, muitos pescadores vieram para o lado de cá e construíram uma nova comunidade perto do mar. Nessa época teve uma dragagem no rio Capibaribe…
– Dragagem? O que é isso?, perguntou a menina de azul.

A mediadora respondeu: – É como uma remoção, escavação feita no fundo dos rios, lagoas, mares… E na dragagem no rio Capibaribe foi retirada muita areia, e formou o Areal Novo do Pina, local que atualmente é Brasília Teimosa. Depois, outros moradores começaram a ocupar e ampliar o território. Mas os “tubarões” sempre estiveram de olho no nosso lugar por ser uma área de grande especulação imobiliária e por ser pertinho do mar. Já houve vários projetos de urbanização aqui, alguns de retirada total da população, mas aí começamos a nos articular e mostramos que poderíamos construir uma comunidade melhor. Fizemos o “Teimosinho – projeto de urbanização do bairro”, construído pelo povo. Foram 94 reuniões de rua, e tudo o que tem hoje de espaço público e serviços foi pensado pelos moradores e moradoras, narrou a mediadora.

– Li no livro que o nome da comunidade surgiu a partir de uma inspiração de Brasília, que estava sendo construída nesse período, disse a menina da bolsa amarela.
– E o nome “Teimosa”?, perguntou o Dragão.
– O nome Teimosa vem exatamente da nossa resistência. O povo daqui sempre teve que ser teimoso para resistir às especulações imobiliárias e tentativas de remoção das pessoas da comunidade.

Como diz a canção:

Escute a música

Daqui não saio, daqui ninguém me tira /Daqui não saio, daqui ninguém me tira
Onde é que eu vou morar?/Onde é que eu vou morar?
Se derruba meu barraco é de lascar./Inda mais com quatro filhos, onde é que vou morar?
Vamos lutar, com união, Brasília é nossa, ninguém vai botar a mão.
Vamos lutar, com união, Brasília é nossa, ninguém vai botar a mão.
Cuidado com os tubarões, que querem por qualquer tostão tirar a gente, mas ninguém vai sair não.
Autores: Paulo e Chico

– Que música bonita!, disse o Dragão.
– Sobre a nossa resistência!, disse a mediadora.
-Vocês escutam algum outro som?, perguntou a menina de chapéu amarelo.
– Eu escuto o som do vento…
– Eu também escuto, falou o Dragão.
Escutem o som do vento!

– Outro dia li no livro que o som do vento que escutamos é do ar em movimento, comentou a menina de vestido florido.
– Sim. É o vento que condensa nossas histórias e nos ajuda a movimentar as memórias para a comunidade. Quanto mais a gente narrar as vivências em palavras, mais o vento vai espalhá-las entre o povo. Por isso é muito importante ouvir o vento e as palavras que ele nos traz para aprender as histórias e depois contá-las…

– O vento levou muitos contos daqui da biblioteca lá para o fundo do mar. Foi assim que descobri que tinha esse espaço aqui…

– Cada pessoa da comunidade é uma página de um grande livro, e as memórias vão sendo contadas de diversas formas: oral, imagens, dança… Música…

– E Brasília Teimosa é bastante rica culturalmente. Há escritores, poetas, pessoas que fazem filmes, músicos, dançarinos… Aqui tem de tudo!

– Isso mesmo. Os grupos contam as narrativas das diversas formas, como Balé Deveras, Quadrilha Lumiar, Centro Educacional Profissionalizante do Flau, Centro Escola Mangue, Sereias Teimosas… e vários outros grupos.

– Agora mesmo o vento está trazendo um som de uns tambores.

– É o som do Maracatu Nação Erê daqui do Cepoma.

– Vamos contar sobre a trajetória do Cepoma, então! Escutem o som do Maracatu!

Música: Protetores – Maracatu Nação Erê

– Tudo começou em 1982, com a Escola Nova, uma escola comunitária que reivindicava melhor qualidade de educação e trabalhava com a metodologia Paulo Freire, utilizando a cultura popular como forma de ensinar. Inicialmente, para atender à comunidade, em que o adulto não tinha acesso à escola, não existia política pública para eles. A Escola Nova começa com um processo de alfabetização.
– E quando começa a trabalhar com as crianças?
– Percebemos as dificuldades na alfabetização de crianças na comunidade e começamos a atuar com esse público.
– E quando mudou o nome para Cepoma?
– A Escola Nova foi fundada por Luciana, Rosa, Eriberto (Piaba), Roseane, Marizete e sua irmã Mailde Araújo, com a colaboração de muita gente da comunidade para formar pessoas humanizadas. Quando Mailde faleceu, as crianças pediram para colocar o nome da escola com o nome dela, que passou a se chamar Centro de Educação Popular Mailde Araújo, registrado em 1989. E continuamos o trabalho de educação sempre conectada com os folguedos, como o teatro de mamulengos e brinquedos populares. Atualmente, as atividades educativas estão ligadas ao grupo Dança Pra Pular e ao Maracatu Nação Erê.

– Minha mãe começou no Cepoma quando pequena e hoje é professora de dança, disse a menina de vestido florido.

– E o Maracatu? Quando começou?

Mika entra no Cepoma com a proposta de trabalhar com outras linguagens da cultura popular e convidou a ialorixá dona Maria de Sonia, do terreiro que deu origem ao Maracatu Encanto do Pina, para apresentar os conhecimentos sobre o maracatu e ensinar o batuque dos tambores para as crianças. Em 1993 surgiu o Nação Erê, primeiro maracatu infantil da cidade, que passou a integrar o projeto político pedagógico da instituição.

– E como surgiu a biblioteca?
– Vamos lá… Escutem o som dos livros!

– Huuum…! Sinto até o cheiro das páginas e das palavras…

– Desde o início já trabalhávamos com a literatura nas nossas atividades. Mas em 1997 a gente recebeu um prêmio da Fundação Abrinq, com 400 títulos de literatura infantil, por indicação de um parceiro histórico nosso, o Centro de Cultura Luiz Freire, organização que sempre nos apoiou desde a época da Escola Nova. No mesmo período a professora Eliete Santana recebeu uma formação de mediação de leitura pela Fundação Abrinq e começou a utilizar os livros e mediar para as crianças nas atividades do Cepoma. Em seguida, percebemos que necessitaríamos de um espaço para colocar os livros, e aí pensamos em um cantinho de leitura criado em parceria com o Luiz Freire, a autora e ilustradora Rosinha Campos. Aqui a literatura sempre interage com as linguagens dos brincantes da cultura popular, como a dança e o maracatu. Além do espaço da biblioteca há livros espalhados por todo o Cepoma como forma de estimular e sensibilizar nosso público para a leitura.

– Verdade! Todas as atividades do Cepoma começam sempre com uma roda de leitura. Quando vai começar uma atividade de dança e de maracatu a gente já sabe que antes vai ter uma mediação de algum livro, disse a menina de azul.

– Fizemos um projeto para o Programa Prazer em Ler do Instituto C&A e recebemos um curso de formação para sensibilização para a leitura, destinada a todas as educadoras do Cepoma. A partir dessa formação o cantinho literário se tornou biblioteca comunitária em 2006.

– Eu não gostava de ler e não interagia. Aos poucos fui gostando de ler e minha mãe lia sempre. Sempre pego um livro para mim e minha mãe. Ao frequentar a biblioteca comecei a gostar realmente de ler. Aí fui entrando na dança e na percussão do Maracatu Nação Erê.

– Vale a pena estar aqui, não só para passar o tempo, mas aprender, ouvir, respeitar, ter contato com outras pessoas, trabalhar em coletivo.

– Falar em trabalhar em coletivo… Lembrei de quando começamos a trabalhar em rede com a Releitura… O Cepoma já fazia parte do Programa Prazer em Ler e outros espaços literários do Recife, como Biblioteca Popular do Coque, Biblioteca Multicultural Nascedouro ( do Movimento Cultural Boca do Lixo) e Biblioteca Caranguejo Tabaiares. Então começamos a dialogar e marcamos uma primeira reunião no Bairro do Coque. No encontro percebemos como era importante nos conhecermos melhor e os demais espaços e metodologias das bibliotecas. E foi assim que fundamos a Releitura – Bibliotecas Comunitárias em Rede. Com a Releitura passamos a promover ações literárias de incidência política e técnicas em conjunto com outras bibliotecas comunitárias que nos fortaleceram bastante. A força da Rede fez com que conseguíssemos outros parceiros, como o Centro de Estudos em Educação e Linguagens – CEEL/UFPE.

– Qual som estão escutando agora?, quis saber o Dragão.
– O som de uma biblioteca viva. Escutem os sons de uma biblioteca viva!
– A Biblioteca do Cepoma é um ambiente muito aconchegante. Disse a menina de laço de fita
– Verdade! Os livros ficam ao alcance de todo mundo… E tem uma programação atrativa para os leitores brincantes da comunidades. Realizamos mediações de leitura, o Cortejo Poético – que a gente vai com o maracatu em algumas casas da comunidade e as crianças lêem poesias para as pessoas, tem também o Correio Poético, que são folhetos com poemas que são colocados nas caixas de correspondências das casas ou se a pessoa estiver na frente, recebe o folheto em mãos e ainda uma leitura de poesia. Disse a mediadora

Tem também a Mala de Leitura que podemos selecionar livros para levar para casa junto com uma mala bem bonita. Disse a menina de vestido florido.

Tem a Parada de leitura que as mediadoras vão ao ponto do ônibus da comunidade e lêem poesias e levam alguns livros. Disse a menina da bolsa amarela.

E a Leitura na Praia, que vamos para a orla e a mediação de leitura é feita para crianças e adolescentes. Levamos a mala e uma pequena quantidade do acervo. E o programa de rádio Cantando e Brincando, gravado aqui com as crianças. Vai ao ar na rádio pública Frei Caneca FM 101.5.

 

– Hoje a nossa história é escrita e contada por sete mulheres fortes e de luta – Maria, Marizete, Ilma, Michelle, Taciana, Nida e Isamar, que tocam as atividades culturais, sempre conectadas por meio de mediações de leitura. E assim vamos transformando histórias de pessoas da comunidade trabalhando pelo acesso aos livros e à leitura literária como Direito Humano, contribuindo com a formação de leitores críticos, sensíveis, criadores e seres humanos conscientes.

– Que ótima história! A partir de agora sempre aparecerei aqui. Quem sabe não irei um dia desses para a Leitura na Praia?, disse o Dragão.
– Será sempre bem-vindo! Não é, meninas?
– Siiim!
– Posso escrever essa história para contar para os meus amigos lá no fundo do mar?
– Sim. Sim. Pode escrever e contar nossa história por lá! Escrever as experiências cotidianas é um ato político, e aqui em Brasília Teimosa temos como prática documentar as memórias também nos livros. Há alguns aqui na biblioteca, se você quiser pode pegar emprestado para ajudar a escrita sobre as aventuras…

– Ah! Vou querer levar os livros… Vão me ajudar bastante…

 

O Dragão do Mar, assim como muitos leitores e leitoras da comunidade, voltou à biblioteca outras vezes para ouvir e ler histórias. Encantou-se cada vez mais com as “viagens” que a literatura promove.

Autor:
Tarcísio Camêlo, jornalista, educador social e defensor dos direitos humanos. Atua na produção de conteúdos documentais e ficcionais e na incidência política para comunicação comunitária, comunicação pública e independente. É comunicador da Releitura-PE.

    Dados Gerais

  • Cidade e Estado: Recife-PE
  • Endereço: Rua Dragão do Mar, 205, Brasília Teimosa
  • Telefone(s): (81) 3326-6509
  • Email: cepoma@bol.com.br
  • Links: http://cepoma.blogspot.com/ ?>
  • Ano de Fundação: 1982
  • Instituição/Organização vinculada: Centro de Educação Popular Mailde Araújo - Cepoma
  • Número de livros de literatura: 2.174
  • Número anual de empréstimos de livros: 612
  • Principais atividades de mediação de leitura: Mediações de leitura, Cortejo Poético, Correio Poético, Mala de Leitura, Leitura na Praia.

    Contexto da Biblioteca

  • Território no qual a biblioteca está localizada:Bairro de Brasília Teimosa, zona sul do Recife. Conhecido por sua efervescência e lutas por uma qualidade de vida melhor a partir de muita resistência. O nome da comunidade surge de inspiração de Brasília, capital que estava sendo construída nesse período, e “Teimosa” vem exatamente da teimosia de resistir às especulações imobiliárias e tentativas de remoção da população.
  • Fundação da biblioteca: 2006
  • Identidade da biblioteca: Espaço que trabalha a educação por meio da cultural popular na comunidade de Brasília Teimosa, com atividades literárias sempre conectadas às ações da cultura popular, principalmente interagindo com brincantes do grupo de Dança Pra Pular e do Maracatu Nação Erê. A biblioteca fortalece a história de luta de Brasília Teimosa, sendo mais um espaço de resistência cultural e defesa dos direitos humanos. O público leitor em sua maioria é formado por crianças e adolescentes, principalmente mulheres
  • Enraizamento comunitário: O espaço e suas mediadoras promovem ações de enraizamento na comunidade dialogando com as linguagens da cultura popular como mediações de leitura, Cortejo Poético. O maracatu desfila pela comunidade e lê poesias; no Correio Poético são deixados folhetos com poemas colocados na caixa de correios das casas ou, se a pessoa estiver na frente, recebe o folheto em mãos, e ainda uma leitura de poesia. A Mala Literária permite que as crianças leitoras selecionem livros e levem para casa em uma mala bem bonita; na Parada de Leitura as mediadoras vão ao ponto do ônibus da comunidade e leem poesias e levam alguns livros. E na Leitura na Praia, na orla de Brasília Teimosa, a mediação é feita para crianças e adolescentes.
  • Impactos sociais: As atividades culturais do Cepoma estão sempre conectadas com a literatura por meio de mediações de leitura e fazem grande diferença na vida dos leitores e leitoras brincantes que atuam em nossos grupos de cultura popular e no cotidiano da comunidade, pois crianças que outrora frequentaram ou frequentam a biblioteca continuam lendo e fazendo empréstimos até os dias de hoje. A biblioteca faz a diferença na vida das crianças, pois mesmo quando não pegam livros emprestados, a partir da escuta das mediações de leitura suas percepções e interpretações se tornam mais humanas. As crianças gostam de se ouvir, e ouvir umas as outras em leitura compartilhada, potencializando novos mediadores de leitura.

    Personagem da Biblioteca

    Maria Tenorio veio do Rio Grande do Norte e chegou no bairro de Brasília Teimosa em 1979, início da abertura política para a liberalização da ditadura militar vigente no Brasil. Com muita inquietação, logo quis entrar nas lutas da comunidade .
    Maria é uma memorialista que conta com muita alegria a história de luta que ajuda a escrever todos os dias.  Ela diz toda orgulhosa que quando chegou em Brasília Teimosa encontrou um bairro de muita efervescência,  muitas lutas e resistência. É uma das fundadoras da “Escola Nova”, uma escola comunitária (fundada em 1982) que reivindicava uma melhor qualidade de educação e trabalhava com a metodologia de Paulo Freire, utilizando da cultura popular como forma de ensinar. A “Escola Nova” deu origem ao Cepoma – Centro de Educação Popular Mailde Araújo.
    Até hoje ela continua escrevendo sua história no Cepoma, participando das ações sociais e culturais; sua força e sua garra são fontes de inspirações para as futuras gerações.